O ambicioso projeto da União Africana (UA), que teve início em 2007, de plantar árvores numa extensão de quase 8 mil quilômetros e 15 de largura, entre o Senegal e a Etiópia, para conter a desertificação e a perda do solo fértil na região do Sahel.
O sonho de uma Grande Muralha Verde na África remonta à década de 1970, quando vastas faixas de terra fértil numa região chamada Sahel, que se estende pela margem sul do deserto do Saara, começaram a ficar severamente degradadas.
A iniciativa conta com mais de 20 países africanos envolvidos e apoiados por um movimento global crescente e um amplo conjunto de parceiros internacionais, dentre os quais o Banco Mundial, União Europeia, ONU e FAO.
O seu propósito vai além de um projeto ambiental, a ideia é que até 2030, 100 milhões de hectares sejam restaurados, 250 milhões de toneladas de carbono sejam absorvidos pelas árvores e gerados dez milhões de postos de trabalho, o que vem a contribuir muito para a redução da migração, principalmente dos mais jovens para a Europa.
Questões como alterações climáticas, seca, fome, conflitos e degradação de terras são amplamente abordados nos projetos sociais das comunidades.
Foto Simon Townsley
As árvores mais plantadas são espécies nativas de acácias ou árvore do deserto e ameixa indiana. Escolhidas porque se adaptam aos severos climas da região, especialmente as acácias, que resistem às secas e a suas sombras ajudam a restaurar a terra, que será usada para agricultura e combater o maior problema do continente, a fome.
Acácia
Entretanto, pouco mais de uma década depois o projeto atingiu apenas 15% das metas. Entre os desafios e obstáculos estão as ameaças do terrorismo e corrupção, principalmente na parte central do Sahel (Sudão, Chade, Níger, Mali e Burkina Faso), o que muitas vezes paralisam ações de organizações humanitárias e outras ajudas internacionais, atrasando em muito o desenvolvimento do projeto. Em compensação, países sem conflitos e que colocaram o florestamento como prioridade na agenda, conseguiram avançar bem mais; são os casos da Etiópia, que restaurou cerca de 15 milhões de hectares de solo desertificado, a Nígéria com 5 milhões de hectares restaurados e 20,000 empregos criados e o Senegal, que plantou mais de 11 milhões de árvores, tornando novamente férteis, 25,000 de hectares de terra.
Outro desafio foi que a ideia de um muro contínuo acabou não dando certo, pois as árvores seriam plantadas em zonas onde ninguém poderia viver e cuidar da plantação. Então um mosaico começou a se formar, rico em diferentes iniciativas que contribuem para a subsistência e a segurança alimentar das pessoas. Um exemplo são os locais para preservar as árvores que já existiam utilizando métodos tradicionais e garantindo o abastecimento de água.
Mesmo com um progresso lento, o prognóstico ainda é positivo para muitos líderes e apoiadores, mas vai depender do quanto será investido na educação e formação das populações, em irrigação e no combate à corrupção e ao terrorismo.
Aldeões plantam sementes de acácia, tâmaras do deserto, goiaba, cidra e mangueiras. Foto Simon Townsley
Uma criança refugiada no campo de Dar es Salaam, Baga Sola. Foto Simon Townsley
Refugiada nigeriana Kakahajja Abatcha (em vermelho) com sua amiga Hadiza Abakar. . Foto Simon Townsley
Somente a contínua concentração de esforços poderá fazer surgir uma nova maravilha do mundo!